segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

FOTO DO DIA















Lordose Pra Leão

Lordose pra Leão surgiu em 1991 no Curso de Comunicação da UFES se tornou conhecido no ES por ser a primeira banda local a emplacar um sucesso em uma rádio comercial: Em 1992, a canção "Jullyetsh" ficou em primeiro lugar durante 2 semanas na extinta Rádio Capital (Rede Gazeta) e por dois meses a música esteve entre as 10 mais pedidas da emissora.
O clima era de pura criação, anarquia, a Rádio Livre, muitas bebedeiras e euforia universitária. Adolfo Oleari e Alex Pandini ( ES Notícias), ambos exímios escritores, vagavam pelo campus à procura de músicos que dessem melodia às suas poesias. Não haviam restrições de estilo, ideologia, idade. Por esse grupo experimental, passaram pessoas de todos os gêneros musicais e os mais variados instrumentos, porém poucos disponibilizavam-se a comparecer ao segundo ensaio, devido à desordem em que se submetiam.
Nascia desse movimento, a banda mais anárquica que eu já vira. Os ensaios eram abertos a toda e qualquer pessoa disposta a dar a sua contribuição (ou não). As musicas não tinham início nem fim, nem nome, nem autor fixo, aliás, nada era fixo naquela época. Tudo era uma grande festa e a vida parecia ser um grande ensaio de banda. A única coisa certa era o nome da banda: Lordose Prá Leão.
Antes dessa tentativa, Adolfo havia feito um show, com a ajuda de uma banda já formada. O baterista era Márcio Vacaloca que voltaria à banda anos mais tarde.
A formação básica da banda aconteceu quando Serjão e Zé Renato matricularam-se no curso e foram convidados por Adolfo para uma "experiência musical". Serjão, Paraense, criado em Brasília, onde formou a sua cultura musical com o punk, super presente nessa cidade, chegava a Vitória para estudar. Logo foi notado, quando nas mesas dos bares da Lama, cantarolava e exibia a sua voz no melhor estilo Tim Maia, relembrando suas épocas de Karaokê em Brasília. Esse sabe muito sobre o rock nacional dos anos 80 e 90.
Zé Renato, ex-trompetista da Banda da ETEFES, defendia o cascalho em bandas de carnaval e bandinhas infantis, onde tocava fantasiado de Mickey, Tartaruga Ninja e outros heróis. Era (e ainda é) um compositor de mão cheia.Sandro estava meio parado depois do fim do Madian, quando Cidinho embarcou para os EUA, tocava na noite numa banda cover do Barão Vermelho. Topei a parada, porém achava que aquilo tudo era fogo de palha.
Rossini, baterista e André Moreira, guitarrista completaram o elenco.
O dia 25 de junho de 1992 foi um dia histórico. O pessoal da banda pegaram as tralhas, jogaram numa sala de aula do CCJE e fizeram um show para encerrar a Semana da Comunicação, que acontecia ali. O público entupiu a sala de aula e a banda foi ovacionada. Ali surgiu a música "Julieth” apelido dado ao professor que não quis emprestar os equipamentos do curso para tocarmos. E foi ali também, o ponto de partida para a ascensão da banda. No dia seguinte não se falava em outra coisa e logo o Lordose ficou conhecido entre toda a UFES. Éramos convidados para tocar em qualquer festinha de turma, pelos corredores, regadas a vinho.O público ria muito com as letras e nem se importava com a qualidade musical da banda, que era sofrível. Mas a verdade é que a banda agradava. Esse impulso inicial foi primordial para a banda avançar.
Em 1992, a canção "Jullyetsh" ficou em primeiro lugar durante 2 semanas na extinta Rádio Capital (Rede Gazeta) e por dois meses a música esteve entre as 10 mais pedidas da emissora.
Começaram a tocar em todo e qualquer lugar, onde éram convidados. Numa manifestação pró -impeachment do Collor (arg!), onde nos propomos a tocar. Parodiando a música do "Batmam", que diz: "Batmam, Batmam, Batmam", cantamos: "impeachment, impeachment, impeachment!" Essa brincadeira rendeu os nossos primeiros segundos na televisão, numa reportagem que foi ao ar nesse dia.
Continuaram trabalhando e o Lordose passou a repercutir na imprensa. Passamos a fazer shows maiores, como o Rock Lama II, que reuniu uma imensa multidão em Jardim da Penha.
Daí, a banda começou a sofrer mudanças freqüentes, porém sem parar de trabalhar e, aos trancos e barrancos, foi adquirindo postura profissional e maturidade. Somente Adolfo, Serjão e Zé Renato permanecem até hoje.
Sandro, em 1995, saí para formar o "Ilness" com os irmãos guitarristas Marcelo Maia ( atual Lordose) e Sandro Braga (atual Pé do Lixo), Demoner (também atual Lordose) e Júlio Ogro. Porém a banda dissolveu-se um ano depois. Quando o baixista que ocupava a vaga de Sandro do Lordose saiu, em 1996, chamaram-lhe de volta. Logo que Sandro entrou, Marcelo Maia, que havia tocado com o mesmo no Madian, Illness e no Albergue do Juvenal Blues Bang, ocupou lugar de guitarrista e Vaccaloca retornou à bateria. Essa formação gravou o CD "Os pássaros não calçam rua", que conta com algumas músicas que tocamos nesse primeiro show, na sala de aula. Foi uma formação que permaneceu em tempo - record sem mudanças e ficamos mais unidos do que nunca.
Em 98 o querido Vacaloca despediu-se da banda. Demoner, também velho companheiro de bandas, assumiu seu lugar, sem abalar as estruturas. Demoner, após o fim do Illness, partiu para a profissionalização. Tocou com nove entre dez músicos capixabas, todo o tipo de música e passou a estudar bateria com força. Atualmente, sossegou no Lordose e dá aulas de bateria.
Beto Trombose, trombonista, era um convidado que fazia os "naipes" junto com o Zé, mas conquistou seu lugar fixo na banda depois que largou o emprego para passar um mês em turnê pelo Nordeste. Trombose, assim como Zen já se vestiu várias vezes de Pato Donald, Smurf, Dino e outros, para divertir a criançada.
O Lordose já passou por experiências das mais diversas. Foram muitas brigas, shows mau sucedidos, mudanças que provocaram retrocesso da banda e até acidentes. Mas tudo é superável.
Das lembranças ruins, porém engraçadas, foi numa ocasião em que o Lordose foi tocar num clube em Maria Ortiz. Assim que começou o show, o público começou a vaiar e gritar: "funk! funk! funk!"... Fizeram o nosso show inteiro, sem nos importarmos com as vaias. Quase fomos linchados na saída. Não queriam deixar a banda sair sem tocar o funk que eles queriam. Foi barra!
Das boas, foi quando o Lordose abriu o show do Raimundos no Marista. Estávamos apreensivos, pois não pudemos passar o som, o produtor do show nos hostilizava a todo momento e o público gritava sem parar: "Raimundos!". Porém, quando o apresentador anunciou Lordose Pra Leão, o público não nos decepcionou. Ali eu senti o carinho e o apoio do público capixaba, que nos aplaudiu tanto quanto os Raimundos. Fizemos um puta show. O desrespeito ficou por conta do Produtor do show, o Sr. Alexandre Magno, que sumiu sem pagar o cachê da banda.
Musicalmente, o Lordose sempre foi uma grande salada. Sem nenhum preconceito, utilizávam os mais variados clichês, de todo e qualquer gênero. Somente com a formação que gravou o CD, que definimos algumas coisas como o peso quase constante das guitarras. A alegria sempre foi uma marca registrada. Estamos sempre pensando em fazer músicas alegres e festivas, desde o começo.
Depois da demo houveram várias outras sempre bem recebidas pelo público capixaba no começo da década de 90. Em 1996 lançaram o 1º CD , “Os Paralelepípedos não voam e pássaros não calçam ruas”, que rendeu uma turnê pelo país. Depois vieram“Todo mundo ta feliz aqui na terra” (2001) e alguns EPs, singles e versões cover, até que em 2003 lançaram “Lordose Live in Big Field…Piro que Merda!”anunciando que seria o último da carreira.
Em 2005, por insistência dos fãs, a banda anunciou seu retorno.
Há quase 20 anos que o Lordose Pra Leão faz um barulho em Vitória. Entre idas e vindas, voltam à ativa com força total e um ótimo CD, batizado de “Tenho Que Vomitar Meu Cérebro”. Planos de videoclipe, shows de lançamento e a vontade de tentar sair tocando pelo Brasil novamente, apesar da idade, triglicerídeos altos, gota e barriga - bem vindo ao peculiar mundo bizarro da boa musica feita no estado do Espírito Santo.
Com 20 anos de estrada, o Lordose pra Leão está de volta com a formação que gravou o 1º CD, mais o guitarrista Gean Pierre que gravou os outros 3 álbuns e Luciano Cruz no saxofonista, que integrou a banda na Turnê do 2º álbum. O próximo capítulo nesta trajetória será contado pelo Documentário que narrará os 20 anos do Lordose Pra Leão. O projeto, que também foi viabilizado através da Lei Chico Prego, é capitaneado pela Empresa Bossa Brasil, teve edição de Phillipe Grillo, Direção de Lizandro Nunes e foi lançado no 1º semestre de 2012.

INTEGRANTES:
Adolfo Oleari (Vocal)
Serjão (Vocal)
Zé Renato (Trompete e Voz)
Márcio Vaccalôca (Bateria e Voz)
Sandro Costa (Baixo)
Marcelo Maia (Guitarra)
Gean Pierre (Guitarra)
Luciano Cruz (saxofone)

DISCOGRAFIA:
(1992) UMA COISA RUIM (Demo-Tape)

(1996) OS PÁSSAROS NÃO CALÇAM RUA
Em 1996 sai o 1º CD da banda "Os pássaros não calçam rua" que traz a participação especial de Zé Ramalho entoando "Ananias e o Cavalo" de autoria de Adolfo e Zé Renato. O estreitamento com o músico paraibano se deu por conta da releitura "Heavy Metal" de "Frevo Mulher" pela banda capixaba, versão que encantou Zé Ramalho.

(2001) TODO MUNDO ESTÁ FELIZ AQUI NA TERRA
Em 2001 o Lordose lança "Todo Mundo está Feliz Aqui na Terra", o título do CD faz referência à inclusão neste disco de uma versão que a banda fez para a canção do músico cachoeirense Sérgio Sampaio. O 2º CD do Lordose pra Leão emplaca "Um Indivíduo (Melo do Paletó)" executada pela maioria das FMs capixabas. Neste mesmo ano a banda grava seu primeiro vídeo-clipe, "Lara", com direção do cineasta Lizandro Nunes. O 1º e 2º CDs do Lordose foram lançados graças ao apoio da Lei Rubem Braga (Lei de incentivo à Cultura da Prefeitura de Vitória).

(2003) PIOR QUE A MERDA – LIVE IN BIG FIELD
Em 2003, o Lordose Pra Leão gravou de forma "artesanal" um show realizado no Bar do Pantera, em Campo Grande, Cariacica. Conta com participações de João Moraes (Patuléia), Giuliano Ozzy (Porrada) e Dani Boy (Símios).

(2010) EU TENHO QUE VOMITAR MEU CÉREBRO
“TenhoQue Vomitar Meu Cérebro” tem 12 faixas de muito rock anos 80/90 com influências de punk na música e nas letras, que em sua maioria têm o sarcasmo como linha principal. Pra fechar a fórmula, um trompete que cai muito bem nas músicas onde é colocado, como “Filme de Ação”.
O CD é prensado e o encarte é muito bonito, com 10 páginas e as letras de todas as músicas, todas escritas/desenhadas à mão em folhas de papel, o que deu um efeito bem legal, ainda mais com as várias cores de tinta que foram usadas para escrevê-las.
O único ponto negativo é que a maioria dos nomes das músicas e das letras foi escrita de forma embaralhada, como “Eu Tneho que Vomitar O meu Créebro”, o que no começo pode ser engraçado, mas depois atrapalha um pouco pra quem quer saber mais detalhes de cada faixa e da própria banda.
Destaco “Filme de Ação” e “Glaucoma”, a história de um cara chamado Glau que se depara com a sua mãe e uma colher de pau, dizendo “coma!”. Rá!

VIDEOGRAFIA:
(2012) LORDOSE PRA LEÃO – OVÍDIO
Documentário de comemoração dos 20 anos do grupo capixaba Lordose Pra Leão. O filme tem 50 minutos de duração e conta com participação do cantor e compositor Zé Ramalho.

VÍDEOS:
LODOSE PRA LEÃO: Ao Vivo no Teacher's Pub Vitória 19/10/2010

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