quarta-feira, 16 de novembro de 2011

SWU - CONSIDERAÇÕES FINAIS




O SWU vai se consolidando na agenda do público roqueiro – espera-se que haja mais espaço para a mídia e novas tendências. E que "sustentabilidade" não seja apenas um novo "se a vida começasse agora".

Como estou atolado de trabalho por não estar aqui na segunda-feira, faço minhas as palavras do reporter Bruno Eduardo que soube traduzir bem o que chamo de considerações finais sobre o SWU.

Segurando uma latinha de cerveja, e com uma bandeira do Brasil enrolada na bermuda, Phil Anselmo apresentou o DOWN ao público brasileiro. Além do ex-vocalista do Pantera, o grupo ainda conta com Pepper Kenan, integrante da clássica Corrosion Of Coformity. Mantendo a sua característica tradicional, Phil (que parecia estar com uma ferida na testa) se manteve incontrolavelmente agitado e tentando sempre comunicação com o público. Músicas como “Losing All” e “Eyes Of The South”, foram um prato cheio aos bangers. Com um estilo mais hard rock, o público cantou o refrão de "Stone The Crow" agradando de forma unânime. “O que vocês querem ouvir?” Perguntou Anselmo, e emendou no refrão de ”Walk” do Pantera, garantindo o resultado para lá de positivo.

O 311 - que possui uma sonoridade variada – também fez parte do time que estreava em solo brazuca. Embora o grupo tenha uma vibe direcionada ao rock, um rascunho nu-metal, eles misturam tudo. Reggae, pop, funk, e guitarras pesadas. O visual de Nick Hexum, chamou a atenção das meninas que grudaram na grade. Foi da banda também o primeiro solo de bateria do festival. Interessante informar que o grupo existe desde o início dos anos 90. O público, que já era consideravelmente maior, demonstrou boa resposta.

Coincidência ou não, a chuva voltou a cair de forma moderada junto com o primeiro atraso (pequeno) da noite. Aguardados pela galera mais cult, o SONIC YOUTH voltou ao Brasil para o seu último show. A banda declarou oficialmente que essa será a turnê-despedida, por motivos óbvios (Kim Gordon e Thurston Moore divulgaram a separação). Kim, de vestidinho vermelho, mostrou vontade, mas abusou das desafinações vocais – algo já tido como normal para os fãs da banda. Abusando das microfonias, chiados, guitarras em noise, o grupo entorpeceu os fãs, que estáticos, acompanharam o show de cabo-a-rabo. No fim, ficou-se uma impressão que eles tinham tocado até mais do que o tempo disponível. Quem curtiu, curtiu.

Abrindo com uma faixa do clássico Sailing The Seas Of Cheese (lançado em 1991), “Those Damned Blue Collar Tweekers”, o PRIMUS subiu ao palco esbanjando solos de baixo do excepcional Les Claypool. A banda toda é excelente, e se manteve fincada no bom e atual álbum Green Naugahyde. O palco contava com dois gigantescos astronautas, que já é marca registrada nas turnês da banda. Mesmo deixando alguns clássicos de fora do set list, o show foi ótimo, e o grupo demonstrou ser bastante coeso ao vivo. Após levantar o público na forte “John The Fisherman”, o Primus deixou o palco, provocando o primeiro pedido de BIS, do Festival. Mas a banda não voltou.

Na hora do MEGADETH, saí da área VIP para comprar algumas camisas e só vi a entrada de Dave Mustaine no palco. Não assisti o show.

A chuva volta a cair e o STONE TEMPLE PILOTS começa de forma alucinante. Numa sequência enérgica com “Crackerman”, “Wicked Garden” e “Vasoline”. Scott Weiland – que era o único da banda de traje social – começava a desfilar o seu repertório de trejeitos vintage. Musicalmente, a banda estava numa noite boa. O grupo não burocratizou na escolha do repertório e mandou apenas a “nata”. Seria como se estivéssemos ouvindo o disco Thank You - que é uma das melhores coletâneas de bandas de que já se teve notícia. Para não dizer que foi apenas um greatest hits, eles relembraram o último disco, na marcante execução de “Between The Lines”. Certamente um dos grandes momentos desse SWU, foi a versão de “plush”, que teve o refrão quase que à capela. A qualidade do som também foi um dos pontos fortes do show. A guitarra De Leo, sem firulas, foi um dos grandes destaques. E, para despedida, “Trippin On A Hole In A Paper Heart”.

Pela segunda vez no Brasil - a última foi em 1993 -, mas a primeira com a nova formação, o ALICE IN CHAINS mostrou logo de cara que não iria arriscar. Apresentando alguns problemas técnicos, logo solucionados, "Them Bones", do cultuado Dirt (lançado em 1992), foi a faixa escolhida para abrir o show. O vocalista William DuVall tem um timbre parecido com o do finado Layne Staley. Os refrões continuaram sendo abastecidos pelo ótimo Jerry Cantrell - considerado por muitos como o melhor guitarrista da geração grunge. É impossível não tirar o chapéu para o boa performance do grupo. A chuva caía de forma torrencial, o que não esfriou nem um pouco a galera. A banda que não é boba, não deixou de fora clássicos, como " We Die Young", "Rooster" e "Man in The Box". FOI FODASSO!!!

Com o palco em tom branco e cercado de flores, o FAITH NO MORE fez talvez o melhor show no Brasil desde a sua volta em 2009. A banda que iniciou a apresentação com a instrumental "Woodpecker From Mars", teve em Mike Patton o grande destaque da noite. Com um estilo "pai-de-santo" - roupa branca, chapéu, bengala e guias no pescoço - o vocalista do Faith No More mostrou uma evidente evolução vocal, se comparado à última passagem do grupo pelo país. Muito mais caprichado nas melodias, e lembrando da maioria das letras, Patton comandou uma legião de asseclas que obedeciam os seus comandos sempre que necessário. Entre clássicos como "Ashes To Ashes", "Epic" e The Gentle Art Of Making Enemies", o frontman desceu do palco, controlou uma câmera de TV, organizou um coro antológico de "porra, caralho", e ainda fez dueto com um jovem pernambucano. Acompanhado de um coral de meninas - da orquestra de Heliópolis - o Faith No More chegou ao ápice com "Just A Man". O grupo ainda privilegiou o público com uma música inédita e sem nome. E foi embora ao executar a belíssima "This Guys In Love With You". Emblemático. Infelizmente, por motivos de traslado, chuva e cansaço, tivemos que deixar o festival na metade do show do FAITH NO MORE. Uma pena.