quarta-feira, 26 de outubro de 2011

ÁLBUNS: PRIMUS, BAD RELIGION E INCUBUS

Nos tempos em que o rock revolucionário é lenda, uma banda com identidade é o último sopro e a manutenção de sua química tradicional é a grande novidade do mercado. Ou seja, se a banda em questão já era singular por si só, manter a fórmula ainda é melhor do que obter surpresas desagradáveis.  Em Green Naugahyde, o Primus consegue convencer de que pode ainda fazer discos para os fãs. Entre o indispensável e o dispensável, podemos dizer que o novo trabalho é a autenticação de seu próprio documento. É o registro oficial de sua própria característica. É um disco típico. E típico para o Primus, já é bem-vindo.

Por Bruno Eduardo

*Nota do taruíra: Desde já aviso: esse disco vicia.

Abaixo um aperitivo. The Last Salmon Man.




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Quem é fã do Bad Religion não quer saber de novidades, quer é mesmo boas e velhas porradas hardcore habituais completadas pelas inteligentes letras de Greg Graffin. Em seu novo disco, The Dissent of Man, as boas letras como sempre estão lá; já as porradas hardcore, nem tanto. Claro, em se tratando do Bad Religion, elas nunca deixarão de marcar presença.

Abaixo uma amostra.



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INCUBUS
If Not Now, When?
O Incubus é meio que uma mistura de tribais e rosas. É uma das poucas bandas da atualidade que consegue remar entre o rock voraz e a sutileza de baladas sem soar cafajeste. A qualidade individual do quinteto ajuda, mas o talento de seu vocalista é o tal fermento do bolo. Brandon Boyd é daqueles frontmen que carrega a tietagem peculiar dos anos 70, que canta divinamente bem, mas que também transforma o som da banda numa faca-de-dois-gumes. No final da década de 90, o Incubus surgiu naquela leva de bandas que tentavam dar um novo rumo ao rock pesado. Mantinham afinação baixa, abusavam dos efeitos, mas era nítida uma maior musicalidade quando comparados a gangue dos “new-metal”. Na verdade, não era um erro total colocá-los nessa mesma prateleira, mas era um incômodo.
Com um timbre de voz que soava quase que um plágio de Mike Patton, os discos S.C.I.E.N.S.E. e Make Yourself tornaram-se essenciais para quem procurava novidades no estilo, e consolidavam o Incubus como uma das bandas mais legais do início da década passada. Passando pelo comercial Morning View e pelo quase progressivo A Crow Left Of The Murder, o Incubus deu o seu último suspiro de criação, no irregular Light Grenades. Mesmo assim, a banda mostrava-se especialista em cima dos palcos, e passou a ostentar o status de banda grande.

Pois bem. Após quatro anos sem gravar material inédito, lá vem o Incubus e seus tribais e rosas. Vem? Não. Adeus aos tribais. Com nítida influência de seu vocalista, “If Not Now, When?” despreza toda e qualquer tentativa de ser um disco de rock como Incubus. Quando falamos de ser ou não ser rock, andamos numa via perigosa. Afinal, o que seria um disco de rock? Então, vamos partir do princípio do rock proposto pelo Incubus. E não, não há aqui nesse novo disco, a proposta de rock, que o quinteto assina.

Inegável a qualidade do trabalho. Músicas como a faixa-título e “Promisses”, são de um bom gosto e musicalidade incontestável, mas seriam baladas que completariam qualquer trabalho da discografia do grupo. Que essa afirmação anterior não soe como negativa às composições citadas, mas sim como um alerta para: OK, mas e o resto? Vem desenhado com pincéis de cores nubladas, tal como sugere a capa.

Capitaneados pelo único resquício de rock, “Adolescents” sugere algo meio retrô, mas que não isenta a tentativa de ser “moderninha”, garantindo um resultado satisfatório para uma expectativa mediana. Mesmo sendo avesso ao rock vivaz da banda, If Not Now, When? agrada por ser Incubus em sua proposta final. A proposta de fazer música, sempre com qualidade.

Por Bruno Eduardo