Em 1961, quando se apresentava para alguns amigos foi ouvido por Ronnie White, do The Miracle que arrumou uma audição com a gravadora Motown. O prodígio da música conseguiu um contrato naquele mesmo dia e o produtor e compositor Clarence Paul foi o responsável pelo primeiro álbum do cantor que na época, com apenas 12 anos de idade, usava o nome de Little Stevie Wonder.
Em 1962, foram lançados dois discos, “A Tribute to Uncle Ray”, com ‘covers’ do ídolo de Stevie, Ray Charles; e “The Jazz Soul Of Little Stevie”, com acompanhamento de uma orquestra. As vendas não foram muito boas, e a gravadora resolveu lançar um álbum ao vivo, “The 12 Year Old Genius”, em 1963. A música “Fingertips, Pt. 2” foi parar no topo das paradas de R&B e de música Pop e o disco se tornou o primeiro no topo das vendas da Motown.
Nos meses seguintes, Stevie chegou a lançar outros ‘singles’, mas nenhum fez o mesmo sucesso. Ele foi estudar piano em Michigan e, em 1964, voltou ao topo das paradas com “Uptight (Everything’s Alright)”, já sem o “Little” no nome. A música foi co-escrita pelo cantor e mostrou amadurecimento vocal e dois anos depois, ele gravou a canção “Blowin’ In The Wind”, de Bob Dylan, em que ele mostrava pela primeira vez uma preocupação social.
Nos anos seguintes, Stevie produziu diversos hits co-escritos por ele, como “Hey Love”, “I Was Made To Love Her” e “For Once in My Life”. Em 1970, ele gravou a música “Signed, Sealed, Delivered I’m Yours” com a cantora Syreeta Wright, com quem se casou meses depois.
Quando estava preste a completar 21 anos em 1971, Stevie lançou o disco “Where I’m Coming From”, produzido inteiramente por ele. O cantor ainda co-escreveu todas as músicas, algumas delas com a esposa. Naquela época também terminou o contrato com Motown. Ele construiu um estúdio com o dinheiro que ganhou nos últimos anos e, na negociação para o novo contrato com Motown, Stevie conseguiu que todo o controle de suas músicas fosse dele.
O primeiro disco no próprio estúdio saiu em 1972, “Music of My Mind”, com várias canções escritas com Syreeta. Mas logo depois o casamento acabou e eles voltaram a ser amigos, com isso, a carreira deu um novo salto quando Stevie participou de uma turnê com os Rolling Stones e o posto de superstar foi consolidado com o lançamento de “Talking Book”, de onde saíram vários ‘hits’. Entre eles, “You Are The Sunshine Of My Life”, responsável por um dos três Grammy que Stevie ganhou na época.
Em 1973, saiu “Innervisions”, que levou o prêmio de álbum do ano no Grammy e se tornou um sucesso estrondoso. Mas uma tragédia quase termina com toda a alegria de Stevie – ele sofreu um grave acidente de carro, chegou a ficar em coma, mas se recuperou totalmente. Passado o susto, ele voltou em boa forma e com força para deixar clara a postura contra os problemas raciais dos Estados Unidos: saiu do país para dar apoio ao fim do Apartheid na África, onde foi recebido calorosamente por Nelson Mandela.
Stevie produziu inúmeros sucessos e ganhou vários prêmios, mas as vendas eram abaixo do esperado. Foi com “The Woman In Red” que ele voltou ao topo. O disco era a trilha sonora do filme “A Dama de Vermelho”, e o tema “I Just Called to Say I Love You” se tornou o maior sucesso da carreira do músico.
Em 1985, após cinco anos sem lançar nada, saiu “In Square Circle”, impulsionado pela música “Part Time Lover”. Stevie participou ainda da canção “We Are The World” do projeto USA For Africa com vários outros cantores, mesmo assim, os discos foram se distanciando cada vez mais. Em 1987 saiu “Characters” e só em 1991 veio “Jungle Fever”, trilha sonora de um filme de Spike Lee. Quatro anos depois, ele lançou “Conversation Peace”, que desapontou nas vendas.
Stevie voltou apenas para um dueto com Babyface, “How Come, How Long” em 1996. Foram quase dez anos longe do estúdio, em que a Motown lançou apenas compilações especiais do cantor e, em 2004, Stevie Wonder estava de volta com o anúncio de um novo disco, “A Time 2 Love”.
Em dezembro de 2009, durante o Video Game Awards (VGA), Wonder entregou o prêmio de Melhor Jogo Musical para The Beatles: Rock Band e publicamente apelou: “gostaria de ver as produtoras fazerem esses jogos acessíveis para pessoas como eu, para que todos possam aproveitar a diversão”.
No mesmo ano, o cantor americano fez um contundente discurso durante uma solenidade realizada na sede da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, cobrando de organizações como a ONU mais empenho na quebra de direitos autorais que facilitem a produção de audiolivros. Segundo o cantor, o mundo tem cerca de 300 milhões de deficientes visuais alheios à leitura e que poderiam ser beneficiados por ações junto a governos e ministérios da educação que levasse até eles audiolivros. “Temos que declarar estado de emergência sobre essa questão e agirmos o mais rápido possível”, disse Wonder.
Ele acrescentou ainda que, assim como as suas músicas, que as pessoas conhecem por ouvi-las, independente de serem ou não deficientes musicais, a mesma coisa pode acontecer com livros, jornais, revistas e material para educação. Segundo a assessoria do cantor, apenas 5% do material impresso produzido no mundo tem versão em áudio e o número é muito menor em países subdesenvolvidos.
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