quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

MINI BIOGRAFIAS

É preciso reconhecer o valor do Cure e sua contribuição para o cenário rock nos anos 80. A banda funcionou como um contraponto um pouco mais reflexivo e melódico em meio ao delicioso e superficial nonsense do movimento New Wave. Por essa época, a Inglaterra convivia com um dos períodos mais férteis de sua musica pós-punk. The Smiths, Depeche Mode, e outras bandas importantíssimas estavam no auge e ajudavam a potencializar a importância do sucesso do Cure. Afinal, atingir o topo das paradas competindo com tantas bandas de qualidade certamente não é tarefa fácil, e por si só já merece um reconhecimento extra.
É impossível falar da história do Cure sem falar de Robert Smith, ele é o único que nunca saiu do Cure, desde sua formação em 1976, é o fundador da banda, é o compositor de pelo menos 98% de todas as músicas do Cure, ele definiu o estilo do Cure, ele é o gênio por trás do Cure. Pode parecer comum, mas nunca é demais enfatizar o talento musical de Robert Smith, o cérebro e a alma por trás do The Cure.
Robert Smith nasceu em Blackpool na Inglaterra em 21 de abril de 1959,mas com apenas cinco anos de idade, a família Smith se mudou para a periferia de Crawley, onde Robert cresceu. Robert foi criado como católico e frequentou Notre Dame Middle School e St. Wilfrid’s Comprehensive School em Crawley.
Ele foi um bom aluno e obteve boas notas. Ele era um garoto tímido, de poucos amigos, um garoto estranhoque usava maquiagem e roupas pretas e até foi expulso do colégio por ser considerado uma má influencia. E apartir dos 11 anos, quando começou a tocar guitarra, o seu foco passou a ser a musica.
Para escapar desse estereotipo de tímido, Robert desafia a todos ao montar uma banda de rock. Aos 16 anos de idade, montou uma banda com alguns colegas da escola que seria então o embrião do The Cure. A principio o grupo se chamava Malice, mas esse titulo pouco inspirador iria mudar para Easy Cure, nome de uma canção que Smith gostava.
Desde o inicio da carreira musical, Robert já sabia que tipo de musica que gostaria de fazer. Tendo crescido em meio à explosão do movimento punk na Inglaterra, liderado por grupos como Sex Pistols e The Clash. Muitos duvidavam da capacidade de Robert fazer um som tão revoltado, mas ele não queria fazer um som revoltado, não queria se torna mais uma banda na esteira de sucesso de Sid Vicious e companhia, não queria copiar o que já existia. Então ele criou, inovou fazendo musicas depressivas, algumas dançantes outras de auto-reflexão, um estilo totalmente diferente do que já existia.
O vocalista pálido-translúcido com predileção especial pelo preto e maquiagem carregada já sabia que sua banda iria se torna um dos baluartes das canções introspectivas.
Ele foi influenciado por The Beatles, Nick Drake, Jimi Hendrix, The Stranglers, The Ink Spots, Syd Barrett, David Bowie e The Clash. Apesar do estilo do Cure ser um estilo totalmente diferente do de outras bandas, Robert admite que na época a banda em que ele mais se inspirava era o The Clash, “Eu sempre fui meio resistente ao movimento punk, mas o Clash era demais, eles eram maravilhosos, se tem alguma banda que influenciou o Cure no início foi o Clash” ele diz, mas o som do Cure ou Easy Cure na época não tinha nada a ver com o do Clash, esse som viria a ser conhecido mais tarde como Pós-punk ou rock alternativo.
Só para constar, além da guitarra, Robert toca também baixo, teclado, contrabaixo acústico, violino, flauta, trompete e piano. Quando o Cure foi criado, Robert não era seu vocalista e só passou a ser depois que o vocalista inicial deixou a banda.
No final dos anos 70 e até meados dos anos 80, Smith compôs as músicas do The Cure em um órgão Hammond com um gravador de fita interno incluindo uma versão completa demo de 10:15 Saturday Night.
Nos anos 80, Robert Smith ajudou a popularizar a imagem gótica em seu modo de vestir com seu batom borrado no rosto, palidez, cabelo preto bagunçado, roupas pretas e tênis. De acordo com o baixista Steven Severin do Siouxsie and the Banshees, Smith começou a usar batom com o de Siouxsie depois que ele usou ópio. Apesar disso, Smith alega ter usado maquiagem desde criança e não gosta que as pessoas associem The Cure ao movimento gótico.
Os temas dos primeiros álbuns do The Cure tratavam de depressão, isolamento e solidão. Esses climas sombrios aliados com a personagem no palco de Robert Smith consolidaram a imagem gótica à banda. Entretanto, a banda mudou de assustadora para psicodélica com o disco the top, de 1984.
1986, Smith mudou sua imagem na imprensa ao aparecer em público com cabelo curto espetado e camisas esportivas pólo, ele disse: “É muito ruim quando as pessoas te reconhecem pelo seu corte de cabelo e não pela música. Eu estava farto de ver tantas pessoas que se pareciam comigo.” Embora as músicas do The Cure sejam depressivas, Smith declarou que não é assim que ele se sente durante a maior parte do tempo, mas que compõe quando está triste.
No começo da banda, Smith usou um estilo vocal suave nas demos de 10:15 Saturday Night e boys don’t cry, e um estilo punk frenético em I Just Need Myself. Esses dois estilos foram deixados de lado quando um terceiro surgiu durante a produção do álbum debutante da banda, Three Imaginary boys, de 1979. Esse novo som dos vocais pode ser ouvido nas versões finais das músicas e foi empregado até o álbum Bloodflowers, de 2000. Embora as pessoas tenham sempre taxado os vocais de Robert Smith de depressivos, ele também conseguiu cantar músicas felizes como Friday I’m in Love e Mint car.Em 1977 o Easy Cure se inscreveu num concurso promovido pela gravadora alemã Hansa e levou para casa o primeiro lugar. O prêmio, muito bem recebido por qualquer banda iniciante, era a gravação de uma demo tape. Apesar do triunfo com a gravadora alemã, os rapazes tiveram uma grande decepção ao descobrir que na verdade, os produtores só queriam uma banda que pudesse imitar os Pistols. A demo tape, que não fez com a Hansa, tinha Killing an arab, que viria ser um dos maiores hits da banda.
Killing na Arab foi inspirado no livro “O estrangeiro” do escritor franco angelino Albert Camus. A canção fala da sequência chave do livro, na qual um francês mata um Angelino na praia sobre um sol escaldante. A descrição da cena é surpreendentemente perturbadora, e a canção conseguiu captar o espírito de uma frenética descrita por Camus em seu livro mais célebre.
Em 1978 uma fita demo com a música Killing An Arab chegou as mãos de Chris Parry um pequeno executivo da Polydor, ele ficou impressionado com a música e principalmente com a atitude original da banda, e resolveu ajudar a banda a gravar um single (aqueles discos pequenos que saem geralmente em promoções) então se tornou o empresário da banda, logo após assinar o contrato com Parry, Robert decide mudar o nome da banda, ele disse: “todas as bandas que nós gostávamos na época tinham o ‘the’ na frente então tiramos o ‘easy’ e colocamos o ‘the’ porque ‘the easy cure’ soaria muito americano, e eu odeio isso” então nasce uma das maiores bandas de todos os tempos o The Cure.
Após o lançamento do single e com o sucesso de Killing an arab, em 1979, a banda lançou o primeiro álbum, Three Imaginary Boys, com Laurence Tolhurst na bateria, Michael Dempsey no baixo e Robert Smith na guitarra e no vocal.
No The Cure passaram vários músicos que por desavenças pessoais ou discordâncias musicais acabavam deixando o grupo. Até Smith deixou a banda por um tempinho para tocar com o Siouxsie and the Banshees e é nesse período com esta banda que Robert adota sua imagem de marca, inspirada no Siouxsie, pretendendo de alguma forma integra-se estéticamente nesta banda de rock gótico. Lábios borrados de batom, olhos pintados e o cabelo levantado de uma forma daspenteada. Fez tanto sucesso que a sua imagem tornou-se um ícone.
O Robert nesta altura sentia-se perfeitamente confortável em ser somente guitarrista ao contrário do papel que tinha que desempenhar no Cure, temendo perder Robert Smith definitivamente para os Banshees, Chris Parry incita-o a gravar algo diferente e mais comercial. Antevendo um descontentamento e desilusão dos fãs, o Robert sugere gravar com um nome diferente que não The Cure, mas Chris Parry consegue convencê-los dos benefícios. Por outro lado Robert nessa altura estava com intenções de terminar com o Cure, daí que não foi muito difícil convencê-lo a gravar algo completamente antagônico ao que o Cure representavam até esta altura. Assim no fim de 1982 surge o single Let’s Go to Bed e mais tarde em 1983, The Walk (#12/UK) e The Lovecats (#7/UK).
Depois de produzir grandes álbuns na década de 80 como Pornography, The head on the door, Kiss me Kiss me Kiss me e Disintegration, o Cure não manteve a mesma verve nos anos 90.
Ainda assim, vale a pena relembrar os grandes momentos da banda que resgatou um pouco da cultura gótica inglesa que tantos clássicos produziu na literatura. Cantado a melancolia e a desesperança que, vez ou outra, habita o coração do homem, a banda atingiu em cheio as inquietações de um público cansado de punk rock, e se tornou uma das maiores bandas da história.
 
 

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