quarta-feira, 23 de maio de 2012

ÍDOLOS DA MPB

No início dos anos 80, quando explodia o rock brasileiro, a adolescente carioca Marisa de Azevedo Monte queria ser cantora de ópera. Aos 14 anos, começou a estudar canto lírico e chegou a fazer vestibular para a Escola Nacional de Música, mas logo descobriria que amava tanto Maria Callas quanto Billie Holiday, tanto o novo rock brasileiro como a fina flor do samba carioca, que ouvia nos discos do pai, Carlos Monte, economista e editor cultural no início dos anos 70.
Depois de participar do musical “Rocky Horror Show”, dirigido por Miguel Falabella com alunos do Colégio Andrews, Marisa começou a se apresentar informalmente em barzinhos cariocas. Com 19 anos, foi morar em Roma, disposta a aprofundar os estudos de canto lírico e fazer contato com o mundo da ópera, mas alguns meses depois decidiu voltar ao Brasil e ser cantora pop. Em Roma, deu canjas em barzinhos e, antes de voltar ao Brasil, em Veneza, fez um show de MPB com um violonista italiano e foi ouvida pelo produtor Nelson Motta, que reencontraria na sua volta ao Brasil e dirigiria seus primeiros shows profissionais, produzidos por Lula Buarque de Hollanda. Desde sua primeira apresentação no bar Jazzmania, no Rio de Janeiro, em setembro de 1987, Marisa foi saudada como uma nova sensação na cena musical brasileira.
Depois de pequenas temporadas com lotações esgotadas em teatros cariocas, Marisa começou a se apresentar em outras capitais com grande sucesso de público e crítica e a amadurecer seu estilo e repertório, que ia da MPB ao rock brasileiro, de clássicos de jazz e blues ao samba tradicional, de Pilip Glass aos Titãs, de Lobão a Gershwin - e rapidamente tornou-se um cult tanto entre o público mais jovem de rock como entre o público mais adulto de jazz e MPB. Entusiasmada com o talento e originalidade de Marisa, que desafiava definições e impossibilitava vinculá-la a um gênero musical, a crítica a chamou de “eclética”, pela diversidade e qualidade de seu repertório.
Em 19 anos de carreira, Marisa vendeu mais de 9 milhões de discos no Brasil e no exterior e vem ampliando sempre suas plateias e acumulando prêmios e críticas que a reconhecem como uma das grandes cantoras da música brasileira moderna, fazendo a ponte entre a tradição e o pop contemporâneo, integrando gêneros e gerações musicais e surpreendendo sempre o público com sua originalidade e a qualidade de seu canto, com o seu talento de compositora e a solidez de suas escolhas musicais.
O segredo do seu sucesso é público e notório: tanto em discos como em shows, Marisa nunca fez concessões, sempre cantou o que quis, como quis, com quem quis e quando quis. Cercou-se sempre de grandes músicos e renovou constantemente seu repertório. Avessa ao mundo das celebridades, mesmo sendo uma das artistas mais populares do Brasil e poderosa produtora independente, Marisa leva uma vida discreta no Rio de janeiro ou viajando pelo Brasil e pelo mundo, a cada novo disco, quando fala sobre seu trabalho, comenta sua carreira e discute suas ideias.

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